Rádio Clube de Valença completa 50 anos; conheça a história da pioneira no Baixo Sul

Ouça o programa Rádio Ativa em homenagem a Rádio Clube de Valença, com os jornalistas Joberth Melo e Angélica Gomes: 

por Joberth Melo

A Rádio Clube de Valença iniciou seu funcionamento no dia 16 de maio de 1970, na cidade de Valença, localizada na Bahia. Um ano antes, a emissora da frequência 1540 khz de Amplitude Modulada (AM), com o prefixo ZYZ-50, entrou em teste experimental como a pioneira do Baixo Sul do Estado.

O meio de comunicação foi iniciado por Aurelino Ribeiro Novais em parceria com integrantes do corpo de diretores da Companhia Valença Industrial (CVI). O primeiro diretor foi Adalício de Jesus. Segundo o radialista Dorgival Lemos, entre os anos de 1970 a 1989, a concessão da emissora foi passada por três grupos de empresários até ser assumida pelo atual proprietário Marcos Medrado.

Após o fundador, um grupo de empresários formado por João Cardoso dos Santos, Antônio Cardoso dos Santos, Reinaldo Magalhães Tavares, Moacir Carlos de Sousa e do agricultor Nestor Sousa Luz assumiu o comando da emissora. Após não entenderem o funcionamento do sistema de difusão, a concessão foi passada para Humberto Soares Leite e Domingos Matos, empresários da cidade de Santo Antônio de Jesus.

Durante os 15 anos iniciais a emissora tinha seu estúdio instalado no Teatro Municipal, que está localizado no centro da cidade. No espaço cultural, programas musicais e jornalísticos foram apresentados, segundo o site da Rádio Clube de Valença, pelo primeiro diretor e locutores como Raul Mendes da Rocha, Itajay Pedra Branca, Rivaldo Lima, Anour Oliveira, Marieli Oliveira, Francisco Campos de Queirós e Arnaldo Santana.

Em 1985 houve a troca da frequência de 1540 KHZ para 650 KHZ, que continua atualmente. Também nesse período, a sede da emissora foi construída no mesmo local em que estava instalada a sua torre transmissora, na Rua do Taipiri, alterada posteriormente para Rua Aurelino Ribeiro Novais, em homenagem ao fundador do meio de comunicação.

Ao decorrer dos anos de funcionamento, a emissora criou concursos para interagir com seus ouvintes. A Mostra Aberta de Música de Valença (Manve) foi um deles, que teve edições nos anos de 2000 a 2006. O projeto cultural revelava músicos na época. Segundo Dorgival Lemos, a Manve surgiu após o sucesso do Programa de Calouros, quando a rádio ainda funcionava no Teatro Municipal.

Também no início dos anos 2000 foi criado “A garota Rádio Clube”, evento com presença de jurados e uma plateia no Centro de Cultura Olívia Barradas, que escolhia a representante da emissora no mês do seu aniversário.

Apesar de passar por quatro proprietários, a Rádio Clube de Valença contou com dezenas de diretores durante os 50 anos de funcionamento. Além de Adalício de Jesus, Francisco Campos de Queiroz e Otávio Motta passaram pelo cargo. Após a concessão ser comprada por Marcos Medrado, a direção contou com Arnaldo Santana, Abel Queiroz, Dorgival Lemos, Daniel Pereira e, atualmente, se encontra com Washington Lemos.

Nesses últimos 30 anos, a emissora foi arrendada por duas pessoas. Após ser diretor, Dorgival Lemos locou a concessão na década de 1990. Também arrendou por cerca de oito anos, o proprietário da Faculdade Factiva, Dário Loureiro.

Durante a sua locação, a emissora investe em tecnologias observadas em rádios de Salvador. A rádio começa a ser ouvida pela internet, por meio de um sistema de streaming em um site próprio, e um veículo link foi montado. O sistema possibilitava facilmente a transmissão de flashes da zona urbana e áreas da zona rural com som de estúdio.

Com o veículo, quadros em programas jornalísticos foram desenvolvidos para ter contato com os ouvintes, assim eles podiam criticar e elogiar os serviços realizados pela gestão do município, e receber prêmios no aniversário da emissora nos bairros. Também o sistema melhorou a qualidade das transmissões esportivas, de eventos e festas religiosas, antes feito por linha telefônica. O carro link foi desmontado após o término do arrendamento de Dário Loureiro em 2010.

A partir disso, as reportagens nas ruas com a população voltaram a ser realizadas por celular e as transmissões começaram a ser realizadas por sistema de envio de áudio por internet ou linha telefônica, como ocorre nas transmissões da Câmara de Vereadores e da missa dominical da Igreja Sagrado Coração de Jesus.

PROGRAMAÇÃO 

A emissora conta com programas musicais e jornalísticos na sua grade de segunda a sábado. Aos domingos, a Rádio Clube de Valença se encontra automatizada, exceto no horário das 7h30 às 9h, em que há a transmissão da tradicional missa dominical da Igreja Sagrado Coração de Jesus.

Nos seus quase 50 anos, programas jornalísticos e musicais compõem a programação. Dorgival Lemos é o radialista mais antigo no comando dos informativos. Durante os últimos 35 anos, ele já apresentou o Conexão Total, A Cidade em Revista, Jornal da Manhã e atualmente o Girando Geral.

Na área musical, a Rádio Clube de Valença é lembrada pelos ouvintes pelo programa “Toque de Amor e Saudade”, da década de 1980. O programa era romântico e aberto para os ouvintes enviarem cartas e serem lidas no ar para seus pretendentes. A emissora também teve um programa destinado aos jovens, o “Alô Doçura”, que tinha apresentação de Simone Meireles na década de 1990. Segundo Simone Meireles, o nome surgiu em razão do sucesso da música “Alô Paixão”, lançada em 1994, pela Banda Eva.

Em sua programação atual, a rádio conta com horários arrendados diariamente. Os programas principais são jornalísticos. O Girando Geral é o primeiro programa jornalístico da emissora. Sob o comando de Dorgival Lemos, das 6h às 8h são transmitidas as notícias do esporte, cultura, saúde, educação, política e polícia. O espaço também conta com colunistas da cidade e de Salvador e em sua pauta sempre há entrevistas e divulgação de serviços de interesse público.

Um jornalismo mais crítico e opinativo entra às 8h. O Jornal da Bahia no Ar tem como âncora o radialista e político Mário Kertész. Horário arrendado, a Rádio Clube de Valença retransmite o sinal por uma hora da Rádio Metrópole FM, da capital baiana. No horário, ouvintes da Metrópole e das 31 rádios que retransmitem o sinal, fazem reclamações e também há entrevistas com políticos sobre assuntos cotidianos.

O “Espaço Aberto” é outro programa de veiculação de notícias. Apresentado por Rodrigo Mário e equipe, ele é político e opinativo. As principais notícias relacionadas a área são discutidas pelo âncora e convidados entre às 13h e 14h.

Os programas próprios da emissora são musicais e são transmitidos em dois horários. Entre às 9h às 12h, o Panorama, que está há mais de 15 anos no ar, transmite notícias de famosos, receitas, os resumos de novelas e dos signos. As músicas seguem o estilo da MPB.

Segundo a idealizadora do programa, a radialista Simone Meireles, o programa inicialmente tinha o objetivo de “fazer um apanhado das informações pela manhã, só que de uma forma mais leve. Também entreter as pessoas com o lúdico. Panorama tentava fazer com que os ouvintes se sentissem em casa”. O programa surgiu após 10 meses em que a emissora ficou fora do ar após problemas em seu transmissor.

Já o Show da Tarde, nome mais antigo de programa atualmente em veiculação na emissora, está na grade das 14h às 16h; exceto nas terças, quartas e sextas-feiras, quando sofre uma redução para a transmissão da sessão da Câmara de Vereadores de Valença e de programas religiosos. Em sua composição, o programa segue com o estilo do Panorama, porém as músicas tocadas são do axé e forró. Os dois programas são apresentados por Roberto Melo.

A Rádio Clube de Valença também conta com espaços especiais reservados na programação durante o ano. Transmissões das novenas e procissões das principais festas católicas da cidade de Valença, São Pedro, o padroeiro Sagrado Coração de Jesus, e Nossa Senhora do Amparo, ocorrem à noite durante dias dos meses de julho, agosto e novembro, respectivamente.

Atualiza Bahia

Fotos: Mascavo Júnior

 

Um comentário em “Rádio Clube de Valença completa 50 anos; conheça a história da pioneira no Baixo Sul

  • 24 de janeiro de 2022 em 4:49 pm
    Permalink

    Eu tenho o orgulho de dizer que trabalhei lá , e confesso que ainda sinto saudades .

    Ademir de Jesus Almeida

    Resposta

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