Pandemia traz impactos significativos para o desenvolvimento das crianças, alertam pediatras

Isolamento social, falta de acompanhamento médico e atraso vacinal estão entre os principais desafios para a saúde infantil nos últimos seis meses

 

 

Após mais de seis de pandemia, pediatras reconhecem impactos significativos na saúde das crianças. Isolamento social, falta de acompanhamento médico e atraso vacinal estão entre os principais fatores que podem prejudicar o desenvolvimento desse grupo. O problema foi discutido nesta quarta-feira, 23, entre as pediatras Morgana Porto, da S.O.S. Vida, Rita Mira, coordenadora médica da pediatria do Hospital Santa Izabel (BA) e Danielle Moisés, coordenadora da UTI pediátrica do Hospital São Lucas (SE), durante o webinar “A infância e os Desafios na Saúde”, promovido pela S.O.S. Vida.

Durante o debate, a pediatra Morgana Porto destacou que muitas famílias deixaram de levar seus filhos para atendimento especializado por medo de contágio.  “As crianças deixaram de ser acompanhadas por seus pediatras no consultório e com isso perdemos marcos (de desenvolvimento) importantes na infância. Se algum atraso não é diagnosticado, uma intervenção tardia traz prejuízos grandes para a criança”, pontuou.

Para a coordenadora médica da pediatria do Hospital Santa Izabel (BA) Rita Mira, os menores foram os mais afetados. “Seis meses pode significar muito para o desenvolvimento da criança, entre 2 a 5 anos, na fala, na parte cognitiva e psicomotora dela. Elas aprendem muito nas pequenas ações, brincadeiras e no convívio com outros amiguinhos de idades parecidas. Isso faz com que tenham um grande desenvolvimento”.

As especialistas também chamaram atenção para outros impactos negativos do novo coronavírus para saúde da meninada: aumento da obesidade infantil, crescimento da violência doméstica e dos acidentes nas residências, além do sofrimento mental. Assim como os demais membros da sociedade, a restrição de interação social imposta pela pandemia tem causado ansiedade, estresse e depressão nas crianças. “Mas elas manifestam esse sofrimento de forma diferente dos adultos. Passam a ter um comportamento agressivo e ficam retraídas. É preciso ter um olhar atento para isso”, ponderou Danielle Moisés, lembrando também da dificuldade dos pequenos de processarem o sentimento de luto.

Para ajudar a mitigar os impactos da pandemia, as pediatras defendem o retorno às aulas, mas ponderam que é necessário construir estratégias robustas para viabilizar essa retomada. “É possível o retorno seguro, mas antes precisamos avaliar se o número de casos está diminuindo de forma sustentada e verificar se a escola vai oferecer todos os recursos necessários para haja a segurança necessária, como garantir o distanciamento, instalar barreiras físicas, organizar a entrada e saída com horários diferenciados para cada turma, fiscalizar a higiene das mãos e das superfícies e treinar professores e colaboradores”, explicou Danielle.

Para Rita Mira, a família terá papel fundamental na transição entre o ensino remoto e presencial, auxiliando na preparação das crianças para o cumprimento das medidas de proteção, como uso de máscara, distanciamento social e lavagem das mãos. Concordando, Morgana Porto também defendeu que a população como todo deve se adaptar ao novo normal. “Não podemos ficar esperando a chegada da vacina, até porque não sabemos se terá vacina e quando vai chegar. Então, precisamos nos planejar e enfrentar essa crise”.

Moderado por Fernanda Gama, gerente de relacionamento com o mercado da S.O.S. Vida (BA), o webinar foi transmitido ao vivo pelo YouTube e Facebook e está disponível no canal da S.O.S. Vida no YouTube. *AT

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