Colunista Moacir Saraiva: “O taxista e o passageiro agoniado”

O sujeito estava com a manhã cheia que culminava com um voo marcado para as 14 horas. Muito cedo, ele fez a mala e foi para a rua, onde participaria de duas rápidas reuniões.

Nesse meio, ele não esperava por um contratempo que o incomodou muito e o impediu de participar de uma reunião. O tempo voando e ele com uma indisposição intestinal medonha que o não tirava do banheiro. Conseguiu aliviar o problema, mas o pior ainda estava por vir.

Por volta das 11 horas ele conseguiu um táxi para levá-lo ao aeroporto, o percurso seria feito em pouco mais de meia hora, mas considerando esse horário, seguramente gastar-se-ia mais tempo. O passageiro, ao entrar na condução, já foi dizendo, sem nem cumprimentar o profissional do volante:

– Tenho pressa para chegar ao aeroporto.

O condutor, olhou para o apressado passageiro, e respondeu com um sorriso bem acolhedor:

– Bom dia, senhor. Tudo vai dar certo.

À medida que o tempo passava, mais carros e motos iam surgindo, e, assim, as ruas e avenidas se estreitavam. 11:20, o carro andando em uma velocidade muito baixa, o motorista liga a sinaleira e vai pegando a pista da direita, o passageiro agoniado, vira-se para o motorista e pergunta:

– Amigo, o que houve?

– Vou abastecer, por favor tenha calma que vai dar tudo certo.

A adrenalina do passageiro foi para as alturas, mas nada disse. Apenas pensou que já perdera o voo.

O motorista retomou a viagem após a parada no posto, andaram um pouco e o relógio marcava 11:58, nem a metade do caminho havia sido vencida. Repentinamente, o motorista encostou o carro, sem nada dizer. Desceu, se deslocou a uma pracinha pequena, e, para o passageiro, o moço fez alguns gestos estranhos e demorou uma eternidade. Após seu ritual, ele voltou ao volante do táxi e seguiu viagem. O passageiro quase explodiu de raiva e balbuciou alguns impropérios enquanto o sujeito estava fazendo gestos estranhos, pois até o chão beijou

Agora, por coincidência ou não, o moço sentiu o trânsito mais livre. O passageiro estranhou essa nova fase, aliviou a adrenalina e perguntou ao seu interlocutor:

– Nessa última parada, o senhor fez alguma mandinga para os carros sumirem?

O rapaz sorriu, e falou com ternura:

– Que bom que o senhor está relaxado. Nada disso, apenas fiz a oração para o meu Deus, pois nesse horário tenho de parar todas as minhas atividades, e fazer minha conversa com meu Deus.

– O trânsito está mais livre?

– Impressão do senhor, mas fique tranquilo que chegaremos no seu horário.

O passageiro que estava virado no satanás, relaxou e, pela primeira vez, confiou no que o motorista estava dizendo.

Ao chegarem ao destino, o passageiro era outro, passageiro tranquilo, com um sorriso nos lábios perguntou ao motorista:

– Como é o nome do senhor?

– Policarpo.

– Agradeço por ter sido seu passageiro, desejo muitas corridas para o senhor.

Ao efetuar o pagamento, ainda deu gorjeta boa para o Policarpo.

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