Musicoterapia e videoconferência com familiares evitam depressão de pacientes com a Covid-19 atendidos no Hospital Santa Clara

 

O motorista Raimundo José de Souza, 58 anos, de Santo Antônio de Jesus, foi diagnosticado com a Covid-19 em 23 de julho. Nesta sexta-feira (14), ele está recebendo alta. Ele foi um dos mais de 400 pacientes de coronavírus atendidos na UTI do Hospital Santa Clara que receberam um tratamento complementar, à base de música e aproximando as famílias dos pacientes por meio da videoconferência a fim de evitar depressão e fortalecer o organismo para combater a doença.

 

Raimundo diz emocionado que vai reencontrar a mulher os dois filhos. “Quando eu fiz os exames, o pulmão estava muito afetado”. Ele informa que foi internado no Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus e transferido para Salvador, para a UTI do Hospital Santa Clara, onde recebeu as visitas do psicólogo Rafael Ayres. “Só quem passou por isso sabe. Eu saí dos aparelhos de entubação, sem comunicação com a família, e ele apareceu e começou a conversar comigo, cantou para mim com seu violão, fez videoconferência com a minha família. Para a minha recuperação foi maravilhoso, porque estava ali sozinho, sem ter um apoio, e ele chegou, conversou comigo, cantou, foi como se fosse um anjo”.

 

O psicólogo Rafael Ayres explica que “o hipotálamo é a farmácia do corpo, produzindo uma série de substâncias que servem para a cura. Quando eu comecei a enfrentar o desafio no hospital, eu descobri uma coisa muito interessante: a técnica da escuta não era suficiente, eles queriam falar com a família. E a ansiedade, a tristeza e a depressão atrapalhavam na recuperação e na alimentação, especialmente dos idosos. Havia pacientes que se abatiam em minutos”, afirma Ayres.

 

Segundo Rafael, ele começou a buscar uma estratégia para mudar esse quadro. “Então eu comecei a levar o celular para os hospitais, que foi permitido como uma ferramenta essencial para se fazer videoconferências com os familiares em tempos de pandemia. Mesmo assim, eu percebia que havia pessoas que precisavam de algo mais dinâmico, e a música reverbera no corpo inteiro. Se ouvimos músicas tristes, começamos a sofrer, se ouvimos músicas alegras, ficamos mais alegras”.

 

O psicólogo defende que pensamento gera sentimento e que sentimento gera comportamento. “Então os pacientes passaram a não deprimir, não rebaixar o humor, passaram a acreditar que vão sair do hospital. Então, às vezes, quando eu estava com um paciente, os outros iam para a porta assistir e começavam a dançar e cantar também. Então, esse é um fenômeno interessante, que tira o paciente do caos e possibilita que ele enfrente a doença, facilitando a sua cura”.

 

Para a diretora geral do Hospital Santa Clara e também da Fundação Fabamed, Cláudia Carvalho, “a música como alternativa terapêutica teve início após a Segunda Guerra Mundial, no auxilio da recuperação dos soldados feridos. Ofertamos nas unidades geridas pela instituição, pois é uma prática integrativa ajuda na interação com o mundo, relaxamento, aguça os sentidos, proporciona movimento ao corpo, melhora a coordenação motora e auxilia na cura das doenças”, ressalta Carvalho.

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