Lesão renal aguda aumenta em quase 70% mortes de pessoas com mais de 90 anos

Pessoas com 90 anos ou mais apresentam um índice elevado de casos de lesão renal aguda, quando há uma queda abrupta no funcionamento do rim. Essa condição aumenta em 67% a mortalidade dessa parcela da população, contra 24% dos nonagenários sem lesão renal aguda. Os dados são de uma pesquisa desenvolvida no Hospital da Bahia, em Salvador.

“Os nonagenários compõem um grupo de risco para lesão renal aguda. Os rins de adulto jovem filtram, em média, 120 ml de sangue por minuto. A partir dos 40 anos de idade, perdemos um pouquinho dessa capacidade de filtração. Alguns trabalhos mostram que essa perda pode ser da ordem de 8 ml/min por década, de modo que, após os 90 anos, a capacidade de filtração pode estar em torno de 80 ml/min sem que isso represente nenhuma doença. Trata-se do processo normal de envelhecimento renal. No entanto, essa perda de reserva renal torna os idosos mais susceptíveis a lesão renal aguda diante de insultos que, talvez, fosse mais bem tolerados por pacientes jovens”, explicou o orientador do estudo científico, Paulo Novis Rocha, em entrevista ao Bahia Notícias.

De acordo com o nefrologista, dos 436 pacientes acompanhados, 191 (44%) desenvolveram lesão renal aguda durante o internamento. Como é de se esperar nessa faixa etária, a mortalidade geral observada no período foi alta (188).

Os resultados da pesquisa mostraram que a condição analisada estava associada a uma maior mortalidade: 67% dos nonagenários com lesão renal aguda faleceram, contra apenas 24% dos nonagenários sem a doença.

“Quanto mais grave foi a lesão renal aguda, maior foi a mortalidade.  Nos nonagenários que realizaram diálise, a mortalidade foi de 100%. No entanto, o número absoluto de nonagenários que fizeram diálise foi de apenas 13. Todos estes 13 pacientes estavam gravemente doentes, internados na UTI, em choque circulatório requerendo drogas (como adrenalina) para manter a tensão arterial e a maioria (77%) tinha falência respiratória e estava em respirador artificial. Para mostrar que estes 13 nonagenários faleceram a despeito –  e não por causa – da realização de diálise, avaliamos a mortalidade num grupo controle de 26 nonagenários igualmente enfermos, mas que não realizaram diálise. A mortalidade neste grupo controle foi de 96%, sem qualquer diferença estatística para o grupo que fez diálise”, acrescentou Rocha. *BN

Foto: Shutterstock

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