Hospital universitário federal na Bahia promove simpósio sobre saúde mental da população negra no SUS
Hospital universitário federal na Bahia promove simpósio sobre saúde mental da população negra no SUS Dados do Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídio é 45% maior entre jovens negros, em relação aos brancos O II Simpósio Multiprofissional da Unidade de Saúde Mental do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA/Ebserh) acontece nesta terça-feira, 05, no anfiteatro do hospital entre 8h e 17h, com a temática “Saúde mental no SUS: desafios no cuidado da população negra”. O evento vai estimular debates e reflexões relacionando práticas assistenciais ao contexto sociopolítico da Bahia. A população do estado é composta por mais de 80% de pessoas negras – dados do IBGE referente ao censo 2022 -, sendo a maior do Brasil. A escolha do tema para a edição deste ano do simpósio visa traduzir a defesa de uma prática antirracista e os desafios à construção de linhas de cuidado com oferta de assistência às pessoas com sofrimentos causados por discriminações que se interconectam e se reforçam mutuamente. O evento contará com mesas redondas e conferências, submissões de trabalhos científicos e relatos de experiências, além de apresentações culturais, utilizando outras linguagens para o aprofundamento do debate sobre o tema. No Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra contempla em suas estratégias o fortalecimento da atenção à saúde mental de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos negros/as. O documento busca prevenir os agravos decorrentes dos efeitos do racismo estrutural e seus impactos na saúde física e mental da população negra. A psicóloga e pesquisadora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC-UFBA), Ana Luísa Dias, que apresentará, durante o simpósio, a conferência “Racismo, interseccionalidade e saúde mental: desafios atuais da atenção psicossocial”, diz que o simpósio tem uma conexão direta com o reconhecimento do racismo como fator de condições desiguais. “É importante que a gente leve em consideração que o racismo coloca as pessoas em situações diferentes de viver, de se relacionar com o mundo e traz um no peso no cotidiano de pessoas negras. Essa diferença delineia barreiras invisíveis e o grande desafio quando falamos de saúde mental é a gente promover a quebra dessas barreiras”, afirma. Linha de cuidado em Saúde Mental e a Saúde da População Negra O Hupes-UFBA/Ebserh é referência na assistência à saúde da população negra, através de programas e serviços direcionados ao cuidado de usuários (as) com doença falciforme. O desafio atual é ampliar este movimento para o campo da saúde mental. A Unidade de Saúde Mental do Hupes-UFBA/Ebserh tem traçado três caminhos institucionais nesta direção. O primeiro diz respeito à construção de uma linha de cuidado integral em saúde mental com ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde, favorecendo o acesso e o acolhimento. O segundo, é a proposição de um programa de educação permanente que contribua para o enfrentamento das consequências do racismo no âmbito da saúde mental, reconhecendo o racismo e as desigualdades étnico-raciais como determinantes sociais das condições de sofrimento psíquico. O terceiro é o incentivo às pesquisas sobre o modelo psicossocial de cuidado à população negra no SUS. “A Unidade de Saúde mental, partir desta tríade de ações, fortalece o seu compromisso com a RAPS (Rede de Atenção Psicossocial), a formação de recursos humanos e a produção científica”, destaca Rosana Silva, psicóloga, referência técnica do Serviço de Psicologia e membro da comissão científica do simpósio. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra O índice de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil é 45% maior do que entre brancos. Os dados são do Ministério da Saúde e mostram ainda que o risco aumentou 12% entre a população negra, nos últimos anos e permaneceu estável entre brancos. De acordo com o texto da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra “racismo causa impactos danosos que afetam significativamente os níveis psicológicos e psicossociais de qualquer pessoa. A prática do racismo e da discriminação racial é uma violação de direitos, condenável em todos os países. No Brasil, é um crime inafiançável, previsto em lei”. O texto do documento ainda destaca que “os impactos do racismo geram efeitos que incidem diretamente no comportamento das pessoas negras que normalmente estão associados à humilhação racial e à negação de si, que podem levar a diversas consequências inclusive às práticas de suicídio”. Sobre a Ebserh O Hupes-UFBA faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação. O QUÊ? Hupes-UFBA/Ebserh promove simpósio sobre práticas assistenciais na saúde mental da população negra no SUS QUEM? Hupes-UFBA/Ebserh QUANDO? Novembro ONDE? Salvador (BA) FONTES: Rosana Silva, psicóloga, referência técnica do Serviço de Psicologia e membro da comissão científica do simpósio Hupes-UFBA/Ebserh |