Governo da Bahia acusa prefeitura de Itamaraju de rejeitar leitos de UTI; prefeito diz que está ‘aberto ao diálogo’

A implantação de 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Geral de Itamaraju virou motivo de debate entre o governo da Bahia e a prefeitura do município, localizado na região Extremo Sul do estado.

Em nota divulgada no último sábado (11), o governo baiano afirmou que o prefeito de Itamaraju, Marcelo Angênica, impediu a implantação dos leitos para combate ao coronavírus na região, mesmo após ter concordado com a medida. Segundo o texto, técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) chegaram a viajar para o município para vistoriar a unidade hospitalar, mas foram impedidos de realizar o trabalho.

“Na última quinta-feira (9), eu participei de uma reunião telefônica com o governador Rui Costa e com o prefeito de Itamarajú, Marcelo. Nessa reunião ficou combinado que o Hospital Geral de Itamaraju seria transformado em uma unidade dedicada ao atendimento de pacientes portadores de coronavírus na região. O prefeito ofereceu a unidade para que nós colocássemos lá 20 leitos de terapia intensiva, que funcionasse também como porta de entrada de leitos de enfermaria de retaguarda”, diz o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas Boas, na nota divulgada pelo governo.

Em carta aberta divulgada na manhã deste domingo (12), o prefeito de Itamaraju afirma que o governo pretendia fechar a unidade hospitalar para atendimentos que não estivessem relacionados ao coronavírus. Marcelo Angênica diz que aceitou ajudar o governo no combate à doença, mas não concordou com o fechamento por conta da importância do hospital para a região.

“Expliquei ao Governador do Estado que aquele era o único hospital que atendia a população de Itamaraju, de modo que eu compreendia a situação e estava disposto a ajudar, até criando novos leitos, mas não poderia aceitar o fechamento do Hospital Municipal. É preciso dizer que o Hospital Municipal de Itamaraju atende também a população dos Municípios de Prado e Jucuruçu e, somente no último ano, realizou 77.454 pronto-atendimentos, 1.096 partos, 1.257 cirurgias e 3.710 internamentos, além de quase 2.000 exames diversos”, pontua a nota.

No texto, o prefeito de Itamaraju afirma que implantou no hospital, com recursos próprios, sete leitos de unidades semi-intensivas com respiradores, dos quais quatro serão dedicados exclusivamente a pacientes com coronavírus, em ala separada. Outros quatro respiradores serão utilizados para ampliar a estrutura. Marcelo Angênica declarou que pretende seguir em conversas com o governo do estado.

“Estou aberto ao diálogo com o governo do estado a fim de encontrar uma solução viável e me disponho a ajudar no que for preciso no combate ao coronavírus. Um documento com novas propostas será encaminhado ao governador, a fim de assegurar que tanto Itamaraju, quanto os demais municípios da região, possam ser estruturados para enfrentar a pandemia”, disse o prefeito.

Por parte da Sesab, o secretário Fábio Vilas Boas garante que a população do Extremo Sul baiano não ficará sem assistência.

“A população do extremo-sul da Bahia, da região de Teixeira de Freitas, Itamaraju, Prado, pode confiar que o governo do estado vai procurar a melhor solução para amparar a assistência à saúde da população. O Grupo Suzano procurou o governo do estado e colocou à disposição 30 equipamentos de ventilação mecânica e nós vamos estruturar a melhor operação que garanta a saúde da população, mesmo com a negativa do prefeito de Itamaraju em disponibilizar o seu hospital para a comunidade e para a saúde de toda a Bahia”.

De acordo com o último boletim divulgado pela Sesab, a Bahia possui 640 casos confirmados de coronavírus, com 21 mortes. Ao todo, 146 pessoas estão recuperadas e 60 encontram-se internadas, sendo 29 em UTI. *G1

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