Estudantes criam app para monitorar crises de epilepsia

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2017, cerca de 50 milhões de pessoas eram portadoras de de epilepsia em todo o mundo. Estima-se que no Brasil, sejam descobertos aproximadamente 150 mil casos por ano. A doença, caracterizada pela atividade intensa e anormal das células cerebrais, é conhecida pelas crises convulsivas. Ela ainda pode ser dividida em dois tipos: se os sinais cerebrais incorretos são restritos a apenas uma região do cérebro, ela é parcial, caso envolva os dois hemisférios, é generalizada.  Embora hoje a complicação seja objeto de estudo de várias áreas da medicina e haja bastante informação produzida sobre o tema, o problema ainda é muito estigmatizado. Antigamente, acreditava-se que os portadores de epilepsia poderiam estar possuídos ou até mesmo loucos. O que não é verdade. Se diagnosticada precocemente e tratada com acompanhamento médico adequado, 70% das crises convulsivas reduzem significativamente até desaparecerem por completo.   Provavelmente, essas eram informações que quatro alunas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro já sabiam, com maior ou menor grau de aprofundamento. Porém, Ana Luiza Ferrer, Helena Leitão, Priscila Rosa e Gabrielle Brandenburg ingressaram no projeto Apple Developer Academy, coordenado pelo Laboratório de Engenharia de Software do Departamento de Informática e vinculado ao Centro Técnico Científico da universidade com um só objetivo: o de ajudar os familiares que possuem pessoas portadoras da síndrome. Em especial um casal que possui uma filha portadora de epilepsia refratária – tipo da doença responsável por 30% de todos os casos, em que as crises não diminuem após o tratamento com medicamentos antiepiléticos – que procurou a instituição em busca de ajuda. “Eles nos contaram sobre a doença e suas dificuldades e explicaram como ela afeta seu dia a dia. Ficamos impressionadas com seu esforço e dedicação resolvemos que iríamos ajudar essas famílias de alguma forma”, explica a aluna de engenharia de produção da universidade, Ana Luiza Ferrer, de 22 anos. A partir daí, o quarteto esquematizou uma rotina de trabalho para criar, em 2017, o EpilApp, um aplicativo que funciona como um diário de crises. Após uma convulsão, o usuário, seus familiares ou amigos podem registrar informações relevantes para o diagnóstico. Estão nessa lista o tempo de duração, o tipo de crise, intensidade, estado (dormindo ou acordado), gatilhos, alertas e se houve alguma mudança nos medicamentos.

“As crises podem ser acompanhadas através de um calendário no próprio app ou exportadas em um relatório em formato pdf e enviado por e-mail ou Whatsapp. A prática de registrar crises é recomendada por médicos, pois é determinante na escolha do tratamento. Então, o aplicativo representa uma grande facilidade na rotina de pessoas com epilepsia, por tornar a observação mais prática e organizada”, pontua a estudante.

Por ser uma doença de causas ainda desconhecidas, embora ferimentos na cabeça, traumas na hora do parto, histórico de doenças neurológicas e consumo desenfreado de álcool e outras drogas sejam fatores de risco, a epilepsia não é uma doença simples de ser tratada. A frequência das crises, bem como sua intensidade e outras características variam bastante de paciente para paciente, e não é à toa que Ana Luiza cita essa como uma das maiores dificuldades para o desenvolvimento do sistema.

“A epilepsia é uma doença muito complexa, com várias particularidades, e entendê-la para que pudéssemos desenvolver o aplicativo foi um verdadeiro desafio. Existem vários tipos de epilepsia e de crises epilépticas. Além disso, a pode se manifestar de diferentes formas em cada pessoa”, analisa a aluna. Ana também acredita que sem o apoio de pessoas que integram à comunidade de pessoas com epilepsia em todo o território nacional ou que apoiam a causa de alguma forma, o projeto não teria saído do papel.

“Desde que começamos este projeto, o apoio recebemos tem sido incrível. Sempre que falamos sobre o Epilapp, as pessoas imediatamente se dispõem a ajudar. Seja com sugestões, divulgação, testando o app, ou nos ajudando a entender melhor a epilepsia, nossos usuários estiveram presentes em cada etapa do desenvolvimento. Tudo isso não seria possível sem eles e só temos a agradecer”, finaliza. O aplicativo, por enquanto, está disponível para download pela plataforma iOS, via Apple Store. Você também pode conferir mais informações sobre ele através da sua página no Facebook. (Claudia)

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