Enoturismo se destaca como alternativa para passeios responsáveis em meio à pandemia

Contato com a natureza e rigorosos protocolos sanitários são fatores que tornam as regiões produtoras de vinho como ótimas opções de viagem

Depois de um longo período de prejuízos financeiros em função da pandemia, o setor de turismo começa a dar sinais de recuperação à medida que a campanha de vacinação avança no Brasil e em outros países. 

A crise sanitária, por sua vez, ainda não acabou. Nesse sentido, roteiros de viagens que permitem passeios ao ar livre, como o enoturismo, estão despertando atenção e ajudando na retomada do segmento.

Uma pesquisa da MaxMilhas, realizada no primeiro semestre de 2021 em parceria com o instituto Opinion Box, mostra que cinco em cada dez brasileiros entrevistados darão preferência a destinos turísticos mais isolados e sem aglomerações no período pós-pandemia.  

Diante dessa tendência, o turismo vinculado à cultura, tradição e apreciação de vinhos (o conhecido enoturismo) surge como uma opção ideal para os viajantes durante o período atual. 

Enoturismo como passeio responsável 

Segundo a Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura), antes da pandemia, o número de “enoturistas” vinha crescendo de 10% a 15% ao ano no Brasil. Os dados apontam que, só em 2019, por exemplo, 1,5 milhão de turistas passaram por Bento Gonçalves, município do Rio Grande do Sul que é conhecido por ser uma tradicional região produtora de vinho.

Além das características favoráveis do enoturismo para passeios responsáveis, existe um outro fator que contribui para o crescimento da atividade no País. De acordo com dados da Organização da Vinha e do Vinho (OIV), houve um aumento de 18% no consumo da bebida em 2020 no Brasil.

Dessa forma, a tendência é que surjam novos enoturistas para movimentar a atividade durante a retomada das atividades econômicas. 

O enoturismo é uma viagem diferente, na qual o principal objetivo é visitar as regiões que se dedicam à produção do vinho. Nelas, é possível conhecer o cultivo, a prensagem, a fermentação, o amadurecimento e o envase dos mais diversos tipos de vinhos e espumantes, além de degustar e adquirir rótulos.

Trata-se de um passeio responsável em meio à pandemia porque, na maior parte do tempo, ocorre em locais ao ar livre, como nas videiras. A atividade reserva uma experiência única que proporciona contato com a natureza, aprendizado sobre a cultura do vinho e paisagens deslumbrantes. 

Durante o tour dentro das instalações das vinícolas, o turista se depara com diversos protocolos sanitários, como a obrigatoriedade do uso de máscaras, medição de temperatura e higienização com álcool gel. Os estabelecimentos também reduziram o número de visitantes, facilitando o distanciamento físico nos espaços.

O setor vitivinícola tem levado a sério a conformidade aos protocolos. Muitas vinícolas, inclusive, já possuem o selo Turismo Responsável, do Ministério do Turismo, para que os visitantes se sintam seguros ao frequentar o local. 

Todos os públicos podem desfrutar dos passeios: famílias, casais, idosos e pessoas com deficiências (PCDs). Pessoas com menos de 18 anos de idade não podem consumir bebidas alcoólicas, mas é possível se divertir entre as uvas e as complexas etapas de produção das bebidas. 

Os destinos que se dedicam ao enoturismo também contam com uma completa infraestrutura para servir os visitantes, com hospedagem, transporte, gastronomia e cultura para oferecer. 

Destinos para praticar o enoturismo — no Brasil e no mundo

Os turistas que buscam opções para viajar dentro do Brasil encontram na região Sul diversas regiões produtoras de vinhos. 

É o caso da Serra Gaúcha (RS), a mais representativa região vinícola do Brasil. As principais experiências se concentraram nas cidades de Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Garibaldi e Carlos Barbosa.

No mesmo Estado, a Serra do Sudeste, Campanha e os Campos de Cima da Serra também são adeptos das atividades do enoturismo. Já na vizinha Santa Catarina, o Planalto Catarinense é a região que se destaca.

Mas o enoturismo não é exclusivo do Sul. A prática também ocorre no Vale do São Francisco, um destino inusitado, localizado entre a Bahia e Pernambuco, uma região drenada pelo rio São Francisco, que vem se destacando no mercado.

Para quem busca experiências internacionais, há países que estão recebendo novamente os brasileiros e que têm forte tradição na produção da bebida alcoólica, tanto na América Latina quanto na Europa.

Os vizinhos Argentina e Chile têm seus polos vitivinícolas nas regiões de Mendoza, Patagônia e Salta, e nos Vales del Maipo, Aconcágua, Casablanca e San Antoni, respectivamente. 

No continente europeu estão as mais tradicionais regiões produtoras de vinho do mundo, o que fomenta o enoturismo local. 

A Toscana, na Itália, é uma região que compreende 280 comunas como Firenze, Siena e Pisa, com um ar renascentista, que mesclam belas paisagens a vinhos italianos únicos. São exemplos o Chianti e o Brunello di Montalcino. Quase todos os vinhos da região são feitos com as uvas Sangiovese.

Na França, a região de Champagne-Ardenne é a única que produz o verdadeiro champagne, mas o país conta ainda com outras regiões vitivinícolas. 

Os  históricos château de Bordeaux e os vinhedos mais famosos do mundo, como Romanée-Conti, Musigny, Montrachet, em Borgonha, também são destinos enoturísticos. 

Na região espanhola de Aragón é possível conhecer vinhos rústicos e artesanais, como a vinícola Esteban Martín, conforme mostra um artigo da Wine, que vem se destacando pela cadeia de produção inovadora e sustentável, e que também tem recebido prêmios por todo o mundo. 

Já em Portugal, há duas regiões que os enoturistas devem conhecer: o Porto, ao sul, produtor do fortificado vinho do Porto e o Alentejo, ao sul do rio Tejo, com sua produção das castas tradicionais portuguesas Trincadeira e Aragonez.

Enfim, o turismo em torno do vinho, além de delicioso para os apreciadores e seguro para todos os viajantes, proporciona belezas naturais e experiências únicas ideais para quem está prestes a embarcar nessa viagem.

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