Em busca de ar: entenda como as doenças respiratórias afetam a saúde bucal

Cerca de 30% dos brasileiros sofrem deste mal. Saiba mais sobre a relação entre as doenças respiratórias e a saúde da sua boca

 

Com uma quantidade cada vez maior de estudos e pesquisas sobre os efeitos da Covid-19 no corpo humano, nunca se falou tanto sobre as doenças respiratórias e seus efeitos. Afinal, é sabido que essas enfermidades podem agravar um caso de Covid-19.

 

Um levantamento divulgado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) mostrou que problemas respiratórios foram responsáveis por 506,9 mil internações hospitalares em 2019 entre usuários de planos de saúde. Foi a principal causa de internações no ano.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 25% da população mundial sofre com algum tipo de doença respiratória. No Brasil, uma pesquisa realizada em 2016 pelo Ibope mostrou que 44% das pessoas sofrem com algum problema respiratório.

 

As doenças respiratórias impactam o dia a dia de seus portadores de forma negativa. Elas podem prejudicar o desempenho no trabalho, a qualidade do sono e até mesmo a saúde bucal.

 

Neste artigo, vamos contar um pouco mais sobre os problemas respiratórios mais comuns, suas causas e sintomas. Também falaremos sobre a relação entre essas doenças e a saúde bucal, além dos impactos da Covid-19 em pessoas com estas condições.

 

O que são doenças respiratórias?

São consideradas doenças respiratórias aquelas que afetam a estrutura do sistema respiratório. Isso inclui o pulmão, a traquéia, a faringe, a laringe, o nariz e a boca.

 

Pessoas de todas as faixas etárias podem ser acometidas por doenças respiratórias, por meio de exposição a agentes poluentes. Os mais populares são poluição do ar, produtos químicos, cigarros, vírus, bactérias ou outros provenientes de cada estilo de vida.

 

As doenças respiratórias são classificadas como agudas, que têm duração e tratamento curtos; e crônicas, que têm duração mais longa, assim como seu tratamento. O segundo caso inclui pessoas que nasceram com essas condições.

 

Principais doenças respiratórias

Por terem sintomas muito similares, é comum que as doenças respiratórias sejam confundidas. Por isso, é importante conhecê-las mais a fundo.

 

Veja quais são as doenças respiratórias mais populares:

 

  • Rinite alérgica

É uma inflamação na mucosa do nariz. Ela é desencadeada pelo contato com alérgenos dos mais variados tipos. Entre os mais comuns estão poeira, ácaros, pelos de animais, pólen, perfume, laticínios e, em alguns casos, até mesmo a mudança do clima.

 

Os principais sintomas da rinite alérgica são espirros, coriza, obstrução nasal e coceira no nariz. Em ataques de rinite mais profundos, a pessoa pode até mesmo sentir dores de cabeça.

 

O tratamento deve ser feito por meio de medicamentos e até mesmo vacinas antialérgicas. Além disso, é importante manter os hábitos de higienização, reduzindo o acúmulo de poeira, e evitar contato com outros reagentes que causem ataques de rinite.

 

  • Asma

A asma é uma doença que resulta no estreitamento dos canais de ar dos pulmões, os bronquíolos. Quando estão inflamados, os bronquíolos acumulam muco e dificultam a respiração. A asma é muito comum em crianças.

 

Os principais sintomas são falta de ar, fadiga, tosse seca, dificuldade para respirar e chiado no peito. Acredita-se que a asma seja genética, mas pode ser agravada por alergias, tempo seco ou outras infecções respiratórias.

 

Por não ter cura, é fundamental que o paciente faça um acompanhamento médico para tratar da asma. O pneumologista é o profissional que poderá indicar os medicamentos mais adequados. Além disso, exercícios respiratórios podem auxiliar os portadores da doença a terem mais qualidade de vida.

 

  • Sinusite

Frequentemente confundida com a rinite pela similaridade dos sintomas, a sinusite é uma doença que atinge os seios paranasais, ou seios da face – cavidades localizadas ao redor do nariz, na região das bochechas e da testa.

 

A sinusite é uma inflamação dos seios paranasais. É provocada por agentes alérgenos ou por processos infecciosos, que leva as glândulas da região a produzir muco que não consegue ser drenado pelos canais.

 

Os principais sintomas são dor de cabeça e dor na face (onde se localizam os seios paranasais), congestão nasal e secreção nasal esverdeada ou amarelada. Tudo isso resulta em dificuldade para respirar.

 

Assim como a asma, é indicado que o pneumologista faça o diagnóstico e a recomendação do melhor tratamento. Existem medicamentos para combater a infecção ou os sintomas. A lavagem com soro também pode ajudar a aliviar a obstrução e, consequentemente, facilitar a respiração.

 

  • Bronquite 

A bronquite é uma inflamação dos brônquios, tubos que levam o ar do nariz até os pulmões. Muitas vezes, os sintomas fazem com que as pessoas confundam esta doença respiratória com a asma.

 

O que diferencia as duas doenças é, principalmente, o tempo de manifestação. Enquanto a asma é relacionada a ataques agudos pontuais, a bronquite pode durar por mais tempo: o período pode variar de 3 meses a até 2 anos.

 

A doença se manifesta quando os brônquios ficam inflamados, impedindo a chegada do ar até os pulmões. Entre os principais sintomas estão coriza, tosse, cansaço, dores nas costas, chiado no peito e febre.

 

A bronquite crônica está diretamente relacionada ao ato de fumar, principalmente em casos de pessoas que fumam há mais de 2 ou 3 décadas. Por isso, é importante eliminar este hábito para evitar uma piora nas condições.

 

  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

A DPOC é uma das doenças respiratórias mais sérias que existem. A bronquite crônica pode ser classificada como uma DPOC, mas neste grupo também está contemplado o enfisema.

 

O enfisema pulmonar é uma inflamação que obstrui os alvéolos, sacos presentes nos pulmões que retêm o ar.

 

O processo respiratório consiste na troca gasosa entre o oxigênio que entra pelas narinas e é transformado em gás carbônico nos pulmões, que são eliminados durante a respiração.

 

Em um quadro de enfisema, o paciente não consegue expelir o ar e precisa fazer um grande esforço para conseguir concluir o processo de respiração.

 

O enfisema está muito relacionado ao tabagismo ou à exposição a produtos químicos que atacam as vias aéreas. Os sintomas mais comuns são falta de ar e tosse com catarro persistente por um período superior a três meses.

 

O enfisema não tem cura, mas é possível controlar os sintomas. Em caso de pacientes fumantes, o primeiro passo é abandonar o cigarro. Além disso, é importante reduzir a inalação de agentes químicos que possam agravar o quadro.

 

Doenças respiratórias e saúde bucal

A boca faz parte do sistema respiratório e, por isso, pode ser afetada pelas doenças que acometem estes órgãos.

 

Um dos sintomas mais comuns é a respiração pela boca. Em casos de asma, rinite ou sinusite é frequente que os pacientes respirem pela boca, pois sofrem com a obstrução das vias nasais.

 

A respiração pela boca resulta na passagem indevida de ar para o sistema. Algumas das consequências são a diminuição da produção de saliva e o ressecamento da boca. Por isso, há maior propensão ao desenvolvimento de gengivite, cáries ou problemas periodontais.

 

Além disso, muitos dos medicamentos utilizados para combater os efeitos das doenças respiratórias podem causar alguma reação na boca ou na garganta.

 

Por isso, sempre que for visitar seu dentista do plano odontológico, é recomendável avisar sobre as doenças respiratórias e os remédios que você utiliza. Isso ajudará o profissional a compreender melhor as condições de tratamento indicadas para você.

 

Impactos da Covid-19 para a saúde respiratória e bucal

A Sars-Cov-2 não é uma doença de origem respiratória, mas causa grandes impactos para todo este sistema, sendo os pulmões um dos principais órgãos afetados em casos mais graves.

 

Como sabemos, doenças respiratórias são um dos fatores de risco em casos de Covid-19, assim como obesidade, diabetes e hipertensão. Isso levou pessoas com essas condições a tomarem cuidados redobrados para não se contaminarem com o vírus.

 

Mais recentemente, cientistas e pesquisadores também analisaram a relação entre doenças periodontais e a Covid-19. Alguns estudos laboratoriais mostraram que o coronavírus é capaz de se alojar em diversos pontos da boca, mantendo sua capacidade infecciosa.

 

Também há pesquisas observacionais – aquelas que não analisam a relação de causa e efeito – que mostraram que inflamações ou infecções na região bucal podem levar a casos graves de Covid-19 em pacientes infectados.

 

Mais do que nunca, manter a saúde bucal sempre em dia tem se mostrado cada vez mais importante. Se você tem alguma doença respiratória, não deixe de marcar uma consulta com o seu dentista do plano odontológico.

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