Dia dos pais e a importância dos cuidados com a pele dos homens negros
Créditos de imagem-Freepik
Dia dos pais e a importância dos cuidados com a pele dos homens negros
Segundo estudo realizado pelo Painel Bap, especializada em consumidores afro-brasileiros, apenas 47% dos homens negros se sentem representados pela indústria da beleza.
O cuidado com a pele é um ato diário, sendo essencial para a prevenção de problemas como acnes, inflamações e até mesmo câncer. No Brasil, apesar de uma maior conscientização nos últimos anos, os homens ainda cuidam menos desse órgão em relação às mulheres. É o que traz um estudo realizado em 2022 pelo Instituto Ipsos: apenas 33% dos homens usam protetor solar diariamente, enquanto 67% das mulheres mantêm o uso com frequência.
Segundo o estudo “Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil“, feito pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde, estima-se 704 mil casos novos de câncer no Brasil para o triênio 2023 a 2025. Desses casos, cerca de 31,3% correspondem à “pele não melanoma”. Assim, os dados chamam a atenção para o quão danoso a falta de cuidados masculinos é. Mesmo sendo uma temática para todos os dias, em datas como os Dias dos Pais, comemorado no próximo domingo, 11, o assunto deve ser reforçado.
De acordo com a biomédica esteta Jéssica Magalhães, especialista em pele preta, Gestão pela Qualidade e Gerenciamento de Risco em Saúde, é importante disseminar os conhecimentos sobre rotina. “O principal desafio é a falta de orientação sobre a necessidade e como realizar. A ideia que se propaga é que é um cuidado unicamente feminino e desnecessário, mas a rotina de cuidados mantém saúde e integridade da pele. É necessário disseminar os conhecimentos sobre rotina, inclusive como torná-la mais prática para o dia a dia”.
Essa falta de cuidados, contudo, ganha outra dimensão quando se fala da pele negra, uma vez que há menos produtos eficazes para as especificidades desse tom de pele. De acordo com um estudo da OnePoll nos EUA, em 2023, aproximadamente 40% dos homens negros americanos têm dificuldade em encontrar produtos eficazes para suas necessidades específicas de cuidados com a pele. Isso inclui tanto a descoberta de produtos quanto a falta de formulações que abordam preocupações comuns, como hidratação adequada e uniformidade do tom de pele.
No Brasil, essa realidade não é diferente. Segundo um estudo realizado em 2024 pelo Painel Bap, empresa especializada em consumidores afro-brasileiros, apenas 47% dos homens negros se sentem representados pela indústria da beleza. Nesse sentido, a biomédica destaca alguns produtos que funcionam bem para esse cuidado. “Sem dúvida um protetor de toque seco trará uma segurança em relação à radiação sem a sensação de pele pegajosa. Hidratantes fluidos e de textura leve tendem a ser melhor aceitos, também pelo fato de possuírem um sensorial mais agradável, sem o peso no rosto”.
Outro ponto relevante é que homens negros são mais propensos a alguns problemas de pele como a hiperpigmentação, pelos encravados e inchaços causados por lâminas de barbear, devido à textura dos pelos e ao aumento de melanina na pele.
“A própria estrutura dos fios propicia a foliculite, além do processo de reação que a pele negra possui. Importante manter a área bem higienizada antes do barbear, evitar reutilizar a lâmina muitas vezes e em repetidos movimentos e, quando possível, optar pela depilação a laser para eliminar a causa do problema. Apesar do processo inflamatório ainda é necessário hidratar a região e podemos utilizar de esfoliantes antes do barbear“, explica Jéssica.
O processo de conscientização entre os homens sem dúvidas ainda precisa evoluir. No entanto, também é possível verificar uma tendência de crescimento desse público por um maior cuidado. De acordo com o relatório de tendências globais “The Future of Aesthetics“, divulgado pela Allergan Aesthetics neste ano, em alguns países, incluindo no Brasil, os homens correspondem a cerca de 30% do público que busca procedimentos estéticos não invasivos nos consultórios. O relatório traz esse aumento no interesse como uma tendência para o futuro.
Jéssica Magalhães,