Como fazer um pastejo rotacionado?

Foto: Wirestock

A prática do pastejo rotacionado é uma técnica de manejo que pode transformar a eficiência de uma propriedade rural, elevando a produtividade do pasto, a saúde dos animais e, ao mesmo tempo, contribuindo para a sustentabilidade do solo. 

Se bem implementado, o pastejo rotacionado garante que os animais tenham acesso constante a forragem de alta qualidade e que o pasto tenha tempo para se regenerar. Vamos entender como funciona essa técnica, suas vantagens, e os passos necessários para aplicá-la de forma eficiente.

O que é pastejo rotacionado?

O pastejo rotacionado é uma técnica de manejo de pastagens que consiste em dividir o pasto em várias áreas menores, chamadas piquetes, e rotacionar o gado entre essas áreas de forma controlada. 

Enquanto os animais estão pastando em um piquete, as outras áreas descansam, permitindo que a forragem cresça novamente sem ser prejudicada pelo pastejo contínuo. Esse ciclo de pastejo e descanso é a chave para manter a pastagem produtiva por longos períodos.

Vantagens do pastejo rotacionado

Antes de aprofundarmos nos detalhes de como fazer um pastejo rotacionado, é essencial entender as principais vantagens dessa técnica:

  • Melhoria na qualidade do solo: O descanso das áreas permite a recuperação das plantas e promove uma maior biodiversidade de raízes, o que ajuda a melhorar a estrutura do solo, sua fertilidade e capacidade de retenção de água.
  • Maior eficiência no uso da forragem: Como a pastagem tem tempo para se regenerar, os animais encontram forragem de melhor qualidade, o que contribui para ganhos maiores de peso e produção de leite.
  • Controle de erosão: A rotação evita que o solo fique exposto por longos períodos, reduzindo significativamente os riscos de erosão.
  • Redução de infestação de pragas e doenças: O ciclo de descanso diminui a proliferação de pragas e doenças que afetam tanto o pasto quanto os animais.
  • Maior controle sobre a lotação dos animais: Com piquetes bem delimitados, é possível controlar de forma mais precisa o número de animais por área, evitando superlotação e degradando menos o pasto.

Como fazer o pastejo rotacionado

Agora que compreendemos o conceito e as vantagens, vejamos os passos essenciais para implementar um sistema de pastejo rotacionado em sua propriedade.

1. Divida o pasto em piquetes

A primeira etapa para implantar o pastejo rotacionado é a divisão da área total de pastagem em piquetes. O tamanho dos piquetes pode variar de acordo com a área disponível, o número de animais e o tipo de forragem presente. A recomendação geral é que os piquetes sejam pequenos o suficiente para que os animais consumam a maioria da forragem disponível em 1 a 7 dias, mas também grandes o suficiente para garantir que a demanda nutricional dos animais seja atendida.

2. Determine o período de descanso

O período de descanso é fundamental para o sucesso do pastejo rotacionado. O tempo necessário para que o pasto se recupere varia dependendo do tipo de forragem, da época do ano e das condições climáticas. De modo geral, em períodos de crescimento rápido, como na primavera e verão, o pasto pode precisar de apenas 20 a 30 dias de descanso. Já no outono e inverno, esse período pode ser estendido para 40 a 60 dias.

3. Controle a lotação dos animais

O número de animais por piquete, ou a chamada carga animal, precisa ser ajustado de acordo com a capacidade de suporte da pastagem. O objetivo é que os animais consumam a forragem de forma uniforme e que o piquete não fique com áreas de pastagem superexploradas ou com excesso de forragem não consumida. Uma lotação adequada também previne danos ao solo, como compactação, que prejudicam o crescimento das raízes.

4. Utilize cerca elétrica para delimitar os piquetes

Para facilitar a rotação dos animais e proteger a integridade das áreas de descanso, a instalação de cercas elétricas móveis é recomendada. Esse tipo de cerca é prático, de fácil instalação e permite a modificação do tamanho dos piquetes conforme necessário. Além disso, cercas elétricas são mais acessíveis em termos de custo do que cercas fixas convencionais.

5. Monitore a recuperação da forragem

A observação constante do crescimento da forragem é um dos pilares do pastejo rotacionado. É importante monitorar a altura da pastagem antes de mover os animais para um novo piquete. A altura ideal varia conforme o tipo de gramínea ou leguminosa, mas, em média, o pasto deve estar entre 20 a 30 cm de altura antes de ser pastejado novamente.

6. Forneça água e sombra adequados

Durante a rotação, os animais devem ter acesso fácil a água limpa em cada piquete. Para garantir o bem-estar dos animais e evitar estresse térmico, também é necessário planejar áreas de sombra, seja por meio de árvores ou estruturas artificiais, especialmente durante os dias mais quentes.

7. Adote o uso de fertilizantes naturais

A rotação dos animais nos piquetes também ajuda na distribuição uniforme do esterco, que atua como fertilizante natural para o pasto. Em muitos casos, a fertilização adicional com adubos orgânicos ou naturais pode ser necessária para manter a produtividade da pastagem ao longo do ano.

Boas práticas no pastejo rotacionado

Para garantir o sucesso e a longevidade do sistema de pastejo rotacionado, algumas boas práticas são fundamentais:

  • Planejamento de longo prazo: O pastejo rotacionado exige um planejamento detalhado que leve em consideração o tipo de pastagem, clima, condições do solo e o tipo de gado.
  • Diversificação de pastagens: Alternar entre diferentes tipos de forragens, como gramíneas e leguminosas, pode aumentar a qualidade nutricional e a resistência da pastagem.
  • Adaptação ao clima local: Cada região tem características próprias de clima e solo. Adaptar o pastejo às condições climáticas locais é essencial para evitar a degradação do solo e maximizar a produtividade.

O pastejo rotacionado, quando bem implementado, pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar a gestão de pastagens, a saúde do solo e a eficiência produtiva de uma propriedade rural. Embora a prática demande planejamento e monitoramento constantes, os benefícios econômicos e ecológicos são inegáveis. 

Essa técnica não apenas maximiza a produção de forragem, como também contribui para o bem-estar animal e a sustentabilidade do ambiente rural. Adotar o pastejo rotacionado é um investimento inteligente para quem busca aumentar a lucratividade de forma sustentável, garantindo a saúde e longevidade das pastagens.

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