Colunista Moacir Saraiva: “Tu tá um bagulho”

 

Os jovens se casaram e não passaram um ano juntos, uma vez que a mulher resolveu se separar do sujeito.

O moço casou e continuou como se estivesse solteiro. Durante a semana chegava cedo em casa, cumpria suas obrigações domésticas e outras, mas na sexta-feira, à noite, ia para um baba que este era esticado até quatro da manhã de sábado, e chegava em casa sujo, vomitado e cheio de cachaça. Nenhum argumento o fez mudar este hábito.

Os jovens tinham a mesma profissão e estavam no início de carreira, ambos desbravando o mercado e com sucesso, uma vez que foram pessoas dedicadas aos estudos e mantiveram a mesma pegada com relação ao desempenho profissional. Trabalhavam em empresas diferentes, no entanto, ambos, mesmo sendo bem novos, já haviam galgado postos de destaque nas empresas, mostrando, assim, que eram competentes, dedicados e agregadores.

Mesmo com a ascensão dos dois no mercado, ele não teve a mesma atitude com relação a sua vida pessoal, a sua vida de casado e continuou da mesma maneira como se solteiro fosse. Mesmo amando a esposa, esse amor sucumbiu aos apelos do baba e da cachaça, com os amigos, às sextas-feiras.

A moça sentava com o sujeito que era muito bom, honesto trabalhador, dedicado e conversava, argumentava, mas na sexta não saía com a esposa nem para uma noitada romântica, preferia ir com os amigos. Ele recebeu admoestações de toda a família, pai, mãe, madrinha, padrinho, avós, cachorro e gato, entretanto nada o fez mudar de ideia. Diante de todas essas tentativas, em que o sujeito era dominado pela farra das sextas, a esposa concluiu que ele era um fraco e, regido pelo baba e cachaça das sextas, por isso buscou outro rumo para a vida, agora, longe dele.

Como não tinham filhos, o contato também não existiu mais, e para lacrar de vez qualquer comunicação, ela foi trabalhar em uma cidade bem distante de onde moravam.

Após dez anos, eles se encontraram em um congresso profissional, ela continuava elegante, bem sucedida na profissão, refez sua vida afetiva, casou novamente e agora com dois filhos e era uma das palestrantes no evento. Ele ascendeu muito pouco na profissão, continuou com o baba das sextas, não se cuidou na vida afetiva, teve dois outros casamentos, mas nenhum vingou, filho também não gerara e dedicava-se à profissão e aos babas acompanhados de grandes farras.

No evento, ele a reconheceu, na palestra foi dito o nome dela que continuava fisicamente bem parecida com a mulher que ele a conhecera há dez anos. Mesmo ele tendo se sentado na fileira da frente, ela não o reconheceu, uma vez que estava gordo, com cabelo desgrenhado e barba descuidada.

No almoço, ele sentou-se à mesa que ela ocupara, ele se apresentou e ela olhou para ele com espanto e disse:

– Ainda bem que me separei de ti, pois tu tá um bagulho!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Close