Colunista Moacir Saraiva: “O invisível”
Sete da manhã, vou tranqüilo para a praia a fim de dar uma boa caminhada. O sol bonito, ainda frio, apropriado para a pele tragar o sol e transformar em vitamina D advinda. Muita gente caminhando, uns com passos rápidos outros mais lentos, alguns tendo como segurança pequenos cães serelepes.
Adultos, idosos, bem idosos, muitas mulheres bonitas, todos “atletas” correndo com passos acelerados, outros sem a mesma dinâmica daqueles, e outros apenas caminhando. Um vai e vem bonito de se ver e também é bom ser protagonista deste ir e vir. Havia jovens com roupas bastante diferentes e, portanto, com vestimentas que lhes davam uma visibilidade bem acima do trivial, pois de longe, se via o sujeito ou a sujeita a partir de suas vestimentas.
Enquanto muitos caminhavam ou corriam, havia, por parte de alguns, a preferência pelo pedalo das bicicletas. O ambiente comporta todas estas atividades.
Coqueiros balançando, o marulho do mar ninando os tímpanos e um vento que parecia entrar pelas narinas limpando todas as impurezas do organismo e reparando o que estava desconcertado. Este é o ambiente da praia do Jardim dos Namorados, na bela Salvador.
Enquanto uns estavam tentando perder peso e manter a forma física, pois Salvador é a capital mais obesa do país, estavam lá, também, homens e mulheres vendendo água de coco e “garapa” o famoso caldo de cana, ambos podem recarregar o organismo com nutrientes necessários para um pós exercício físico.
Nem tudo é perfeito na vida, por melhor que seja a situação, há sempre o dedo sujo do cão a fim de estragar momentos divinos, ou pôr ingredientes arruinadores nestes bons momentos e, caso não se tenha uma forte vontade de viver, certamente, esta imperfeição destruirá por completo um belo momento. E lá não seria diferente.
Ao chegar à praia, no estacionamento, não há ninguém por perto, estaciona-se no lugar adequado. Não se vê ninguém no entorno, para o carro com tranqüilidade, desliga a chave e eis que, como em um passe de mágica, aparece um sujeito todo de azul, vindo do nada, com um riso de um canto a outro da boca, riso frouxo, riso forçado para enganar besta.
Além do riso escancarado, se dirige ao motorista, usando pronomes de tratamentos respeitosos a fim de cobrar a taxa da Zona Azul. Levei um susto danado, pensei até no pior, antes de ele mostrar a cartela.
Nas praias e em todos os lugares, cuidados com os invisíveis.