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A vida é um embrulho, às vezes, mal enrolado e seja como for, o tempo desnuda o que tem dentro. Essa essência enrolada, sendo boa ou ruim, não há santo que a encubra definitivamente.
Três parturientes, se encontravam em uma enfermaria, após ter derramado seus bruguelos para este mundo. Duas delas bem tranquilas, pois já tinham passado por uma primeira experiência de ser mãe, e as crias se comportaram bem, pois só deram as caras no tempo certo. A outra, na sua primeira aventura de parir, sendo apenas uma menina, com seus 18 anos. Não se sabe o motivo, mas o seu pirralho se antecipou e reduziu em dois meses sua chegada ao mundo, isso a fez sair da sala de parto um pouco macambúzia.
Diferentemente, estavam as duas outras mães, vez que já eram maduras e as crias foram planejadas, enquanto o filho da moça foi obra do fogo, apenas um namorado que pouco ela conhecia e numa dessas festas, movida a paredão, os dois beberam muito, se inflamaram mais e a cria foi gerada.
As duas mães, tranquilas, e mesmo sem nunca se terem visto, iniciaram um papo daqueles que nascem do acaso, assim como nascem nas filas de bancos, nas filas de supermercados, são papos que simplesmente nascem, não se sabe se para a pessoa fazer jus à proximidade das demais, ou simplesmente porque a língua não pode ficar quieta. Conversas amenas, papos sobre filhos, família, as duas eram casadas, tinham suas profissões, e se devotavam aos lares.
A mãe mais nova, ainda morava com os pais e começou a assuntar o papo, sem querer se envolver, pois a situação dela, diante do que ouvira, era bem diferente das duas, não tinha emprego, ia pleitear o bolsa família, interrompera os estudos, e se achava uma jovem moderna e avançada. Ademais, estava apaixonada e via no filho uma forma de melhorar de vida.
Por causa dessa paixão, e pela cabeça vazia com relação aos assuntos das duas companheiras de enfermaria, a jovem mãe começou a falar bem do pai de seu filho, pois, segundo ela, iria lhe dar uma vida boa. Exagerou nas qualidades, como é comum aos apaixonados.
As outras duas tiveram até piedade da jovem mãe, pois escancarou a vida dela e concentrando toda sua esperança no namorado, falou dos detalhes como essa criança foi feita e a repulsa da família, pois seus pais, com poucas condições financeiras, viram que iria sustentar mais uma boca. E uma das mães, começou a ficar intrigada com as características do namorado da moça, uma vez que ela via muita similitude com seu esposo. Então começou a fazer perguntas como se nada quisesse, apenas por curiosidade. A jovem mãe falou tudo, inclusive que ele não sabia ainda do nascimento desse menino, por ser prematuro e o namorado tinha viajado há três dias e estava sem sinal de celular. Pelas informações, a inquiridora comprovou que se tratava de seu marido.
Ele de sua cidade não se deslocou, apenas iria cuidar do novo filho e do resguardo da esposa. Com a informação dada pela namorada, a titular ficou enraivecida, mas manteve a calma, pois ele já estava chegando ao hospital.
Ao chegar à enfermaria para ver sua esposa e o filho, trouxe até um buquê, tamanha era seu amor por ela. Entrou e se dirigiu à esposa, mas quem a saudou com muita efusão foi a namorada que ele não vira ainda.
O sujeito ficou branco, suou bastante e exclamou:
- Eita embrulho desordeiro.
Instantaneamente ficou amarelo, deu um tremor nas pernas, caiu, e se borrou todo, fazendo o número um e o número dois, ali mesmo.
Moacir Saraiva