Colunista Moacir Saraiva: “Cliente Aproveitador”

Um amigo tem uma casa onde se vende bolos, tortas, cafés, chás, sucos e somente isso. É um ambiente diferente e com produtos diferentes, bolos e tortas que você não encontra com facilidade na cidade, e, alguns dos produtos, somente no estabelecimento deste amigo são encontrados.

Além dos produtos serem de qualidade e encantar a todos que frequentam o estabelecimento, o ambiente é muito acolhedor. Todo ele climatizado, com cadeiras e mesas confortáveis, esteticamente agradabilíssimo com uma decoração em que o cliente se sente bem, além disso, uma música instrumental que invade o âmago de quem a ouve, acalmando-o.

A clientela é boa, é fiel e ela mesma se encarrega de trazer mais gente para o espaço em virtude de gostar muito dali e divulgá-lo sem nada ganhar, apenas pelo prazer de estar naquele ambiente. Além da qualidade dos produtos e do bem-estar físico, o atendimento condizente com todo o conjunto do estabelecimento.

Um dia, apareceu um cliente novo, Osmundo, um sujeito com um bom papo, muito solícito e no primeiro dia que foi ao estabelecimento, passou cerca de duas horas e meia e consumiu apenas uma água mineral. E se sentaram à mesa, mais duas pessoas com ele e dialogaram muito. No dia seguinte, novamente Osmundo, ocupando uma mesa maior e depois chegaram quatro pessoas, sendo dois rapazes e duas moças, permaneceram por três horas e apenas uma água mineral.

Passados alguns dias, o mesmo ritual, e o sujeito já era conhecido pelos funcionários como: Água mineral. Quase um mês este cliente vindo diariamente. Uma tarde, a casa cheia, chegou uma moça antes dele e fez a seguinte pergunta a um dos funcionários:

– É aqui o escritório do sr. Osmundo?

Antes que o funcionário respondesse, ele chegou todo serelepe e chamou a jovem para tomar assento em uma mesa. Pediu o de sempre e falou à funcionária:

– Quero me tornar cliente daqui, será que vocês poderiam me ofertar uma torta de frango e um suco a fim de eu experimentar?

O funcionário olhou bem nos olhos do Osmundo e pensou no treinamento que fizera no dia anterior em que o palestrante repetiu centenas de vezes a seguinte frase: o cliente sempre tem razão. Ele voltou para a cena, ruminou as ideias a fim de não falar besteira, e pensou,

“cliente” desgraçado, só aproveita o espaço, vou te mandar para o quinto dos infernos. No entanto, manteve a calma e com a voz mais elevada, a fim de todos ouvirem, respondeu:

– Senhor, os frequentadores daqui são clientes e não pedintes. Aqui é um estabelecimento comercial.

Osmundo calou, suspendeu o pedido que fizera da água e se retirou.

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