Colunista Moacir Saraiva: “A tristeza do jovem”

Por Moacir Saraiva

O jovem muito serelepe, conseguia contagiar, com alegria, seus pais, irmãos e a todos aqueles que estavam em seu entorno.
Quando ia tomar café, com os pais, já vinha ele com suas piadas, e mesmo aqueles que estavam macambúzios, deixavam este estado, tamanha era a capacidade de o sujeito fazer os outros olharem com alegria para a vida.
Era uma alegria consistente, poucos sorrisos, mas um estado de alegria nas palavras, nos olhares, e, por vezes, sorrisos também. Muito espirituoso, de uma palavra ele criava situações, para uns de “constrangimento”, entretanto, para outros de sagacidade que deixava a situação cômica, mesmo aqueles que se sentiam constrangidos, se contagiavam com a ludicidade como ele revestia a situação.
A mãe percebeu que seu filho brincava menos dentro de casa, ainda era um gozador, no entanto, com uma proporção bem mais acanhada. Como era início de mês, a mãe deduziu que problemas na empresa poderiam estar afetando o humor do filho, inferiu também que poderia ser problemas financeiros o que estava levando o alegre rapaz a um certo acanhamento nas brincadeiras e a última hipótese seria briga com a namorada de quem ele gostava muito. As mães têm uma capacidade aguçada de sentir quando os filhos não estão bem e elas se preocupam e, às vezes, ficam sem dormir até que o problema seja sanado, além de tentar ajudá-los, seja com orações, no silêncio, seja com palavras e, se necessário, até ajudas materiais, o importante para a mãe é ver os filhos bem.
Nesta fase de falta de humor do jovem, à mesa, ele sentava pouco, e quando estava fazendo refeições se levantava com frequência, ora ia ao quarto, ora ia ao banheiro e isso também incomodou a mãe, vez que, ele anteriormente, passava muitos momentos sentado e conversando.
Com o passar dos dias e com uma rapidez acentuada, o rapaz foi entristecendo mais ainda. A mãe entrou em contato com a namorada, esta disse estar percebendo o amado triste, mas ele não se abria. As duas se uniram a fim de o rapaz retornar ao estado comum dele que era o de levar alegria.
A namorada o inquiriu algumas vezes, ele dizia não ser nada e até se aborreceu com a insistência da amada em saber o motivo da transformação dele.
As mães também têm a sabedoria de dar o bote na hora certa a fim de chegar onde quer com os filhos. Em um sábado, pela manhã, ela levantou-se cedo, a fim de conversar com ele, pois os dois estariam sozinhos. Ela simulou estar arrumando a mesa e ele adentrou na sala e os dois conversaram assuntos corriqueiros. Ela se aproximou dele, segurou suas mãos e com os olhos marejando, olhou nos do filho e falou quase chorando:
– Meu filho, por que você está triste?
Ele fixou nos olhos da mãe, e respondeu:
– Estou cheio de hemorroida. Você acha que devo estar alegre?

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