Colunista Joice Vancoppenolle: “Vinho, Boemia, Paris…”

« Boire mille coupes de vin avec un véritable ami est peu.

« Beber mil taças de vinho com um verdadeiro amigo é pouco.

Chrestomathie Mandchou (1828)

Provérbio francês

Certamente o título e o provérbio desse texto, farão você sentir ainda mais vontade de visitar a França.

Apesar do cultivo do vinho ter ganhado força no Novo Mundo, a França continua sendo referência mundial na cultura e produção dessa bebida milenar. Trago neste texto algumas informações sobre vinho e o estilo de vida dos franceses.

A Torre Eiffel é um dos monumentos mais visitados do mundo e atrai milhares de turistas durante todo o ano na capital francesa. Porém, o que mais gosto na cidade das luzes e que melhor retrata a alma francesa para mim é o Jardim de Luxemburgo. Certo dia, pouco antes da atual crise sanitária, passei por suas lindas alamedas em uma das dezenas de vezes que visitei Paris. Era final de julho, o sol de verão dominava um céu imaculadamente azul, e os parisienses ali no parque faziam de tudo, exceto trabalhar com laptops ou celulares como vemos em outras metrópoles. Conversavam, dormiam nas espreguiçadeiras, tomavam um rosé, faziam piquenique com as crianças, namoravam, liam, riam. Ou seja, le “savoir-vivre” – saber viver, reinava entre eles.

Os franceses consideram o vinho como o ingrediente indispensável não apenas nas refeições, mas em todos os momentos, podendo acompanhar grandes pratos ou simplesmente frutas, legumes, patês e sobremesas, sanduiches, saladas…variando de acordo com o gosto de cada um.

Na França, 82% das pessoas compartilham vinho entre amigos e família, em casa ou na casa de amigos e não só em datas comemorativas, pois beber vinho é um momento de prazer que faz parte do cotidiano francês há séculos.

Existe um ditado popular em que os franceses dizem que: “vinho não é álcool”, no entanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde), recomenda o consumo moderado da bebida, sendo três taças para os homens e duas para as mulheres e em ocasiões extraordinárias quatro taças para os homens e três para as mulheres. Lembrando que devemos ter um dia por semana de abstinência

Segundo a revista La Revenue du Vin de France, os maiores consumidores da bebida são homens. 65% deles contra 39% das mulheres. A incidência é maior nas pessoas com mais de 50 anos de idade (mulheres e homens) de acordo com uma pesquisa feita em 2019. Sendo que desde o inicio da pandemia, em 2020, esses dados sofreram alterações consideráveis.

Gastronomia é o assunto preferido dos franceses, seja nos cafés parisienses, bretões ou bordoleses, o assunto é o mesmo: vinho e culinária. A variedade é muito interessante. É possível comer um tipo de queijo a cada dia durante 365 dias! Harmonizando com vinho é claro.

Na época em que podíamos ir a restaurantes, estive na Brasserie LIPP, situada no Boulevard Saint Germain, na capital francesa. Nessa ocasião, tive a oportunidade de experimentar o BARON NATHANIEL 1976 (ano do meu nascimento), um dos grandes vinhos da região de Pauillac (Bordeaux). Uma assemblage (mistura) perfeita com aromas e sabores marcantes em tabaco e chocolate, taninos redondos e amigáveis, com final persistente. Simplesmente magnifico.

O vinho seja regional, de mesa, do país ou do mais alto nível, ele sempre será o símbolo da cultura francesa em qualquer parte do país. Lembrando que seu consumo deve ser moderado levando em conta o prazer de beber e apreciar, seja sozinho lendo um livro, acompanhado de seu amor ou com amigos e familiares.

Santé!

Joice Vancoppenolle

Tournai, 09/05/2021

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