Colunista Joice Vancoppenolle: “A vez do Sertão”

 

Ao longo dos seus 2.863 quilômetros de extensão, o Rio São Francisco corta cinco estados e carrega em suas águas histórias, contradições, tristezas e também surpresas.

É uma área fértil e que tem recebido diversos investimentos em irrigação federal e governamental. Tornou-se um importante produtor de frutas e hortaliças. A sub-região que mais se desenvolve é aquela compreendida pelas cidades de Juazeiro(Bahia) e Petrolina (Pernambuco) que se tornou o maior conglomerado urbano do Semi-árido.

Há 40 anos, dificilmente se imaginaria que o Sertão, nos arredores do rio, seria um polo produtor não apenas de frutas para exportação, mas também de vinhos de qualidade.

Abastecidas pelas águas do Velho Chico, vinícolas investem na qualidade do vinho e promovem o enoturismo no Sertão.

Muito diferente do clima frio que atraiu colonos europeus para o sul do país, o Semi-árido nordestino tem sol incessante que raramente recebe a visita da chuva. Mas é exatamente no clima hostil que reside a força da produção vinífera da região. Com sol o ano inteiro e um sistema de irrigação por gotejamento com as águas do Velho Chico, a região do Vale do São Francisco surpreende ao conseguir o dobro de safras que a maioria das vinícolas de clima temperado alcança. Em meio à Caatinga e aos bodes, as vinícolas do Sertão chegam a produzir 2,5 safras ao ano, mais do que o dobro de uma vinícola no Sul gaúcho com uma safra anual.

A Vinícola Santa Maria, situada em Lagoa Grande, PE, é responsável pelas marcas Rio Sol, Adega do Vale, Vinha Maria e Paralelo 8, feitas com as uvas Aragonez, Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon, amadurecidas por oito meses em carvalho e batizadas em referência à localização próxima à linha do Equador.

A vinícola produz vinhos e espumantes, cujos rótulos vêm cada vez mais, conquistando prêmios dentro e fora do Brasil. A empresa pertence a Global Wines, como sede na região do Dão em Portugal; produtora de vinhos reconhecida no mercado mundial pelo dinamismo e inovação, com grande diversidade e rótulos premiados entre os melhores da Europa.

Outra vinícola de destaque na região é a Miolo, localizado na fazenda Ouro Verde em Casa Nova, BA. A propriedade de 800 hectares foi adquirida em 2000 em parceria com a Vinícola Lovara. A região possui características totalmente distintas do Vale dos Vinhedos, no Rio grande do Sul – origem da Miolo – por ficar próxima da linha do Equador, mantém altas temperaturas durante todo o ano produzindo uma variedade de vinhos com características muito peculiares. Desta região, sai a linha Terranova, formada pelos produtos: Muskadel, Espumante Moscatel, Late Harvest (vinho de sobremesa), Shiraz e Cabernet Sauvignon. A capacidade de produção da cantina é de 1 milhão de litros por ano.

 

“Gosto das coisas do sertão; 
Gosto de pessoas simples que tenham educação;
Gosto de falar de amor e das coisas do coração;

E se tudo isso for combinado com um bom vinho, tem muito mais emoção.”

Sid Aguiar

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