Batimento cardíaco irregular pode aumentar risco de demência, diz estudo

Por Bem Estar

Pessoas com um tipo específico de batimento cardíaco irregular chamado fibrilação atrial podem experimentar um declínio mais rápido nas habilidades de pensamento e memória e ter um risco maior de demência do que aquelas sem fibrilação atrial, de acordo com um estudo publicado na edição on-line de 10 de outubro de 2018 da “Neurology”, o jornal médico da Academia Americana de Neurologia.

Com fibrilação atrial, uma forma de arritmia, o ritmo normal do coração está fora de sincronia. Como resultado, o sangue pode acumular-se no coração, possivelmente formando coágulos que podem ir para o cérebro, causando um derrame.

A boa notícia do estudo é que as pessoas com fibrilação atrial que estavam tomando anticoagulantes eram na verdade menos propensas a desenvolver demência do que aquelas que não tomavam.

“O fluxo sangüíneo comprometido causado pela fibrilação atrial pode afetar o cérebro de várias maneiras”, disse o autor do estudo, Chengxuan Qiu, do Instituto Karolinska e da Universidade de Estocolmo, na Suécia.

“Nós sabemos que conforme as pessoas envelhecem, a chance de desenvolver fibrilação atrial aumenta, assim como a chance de desenvolver demência. Nossa pesquisa mostrou uma ligação clara entre os dois e descobriu que tomar anticoagulantes pode realmente diminuir o risco de demência”, disse Qiu.

O estudo

Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados sobre 2.685 participantes com uma idade média de 73 anos, que foram acompanhados durante cerca de seis anos como parte de um estudo maior. Os participantes foram examinados e entrevistados no início do estudo e, em seguida, uma vez após seis anos para os menores de 78 anos e uma vez a cada três anos para aqueles com 78 anos ou mais. Todos os participantes estavam livres de demência no início do estudo, mas 243 pessoas, ou 9%, tinham fibrilação atrial.

Através de entrevistas e exames médicos, os pesquisadores reuniram dados do estilo de vida e médicos sobre os participantes no início do estudo e durante cada visita de acompanhamento. Todos foram examinados para fibrilação atrial, para o pensamento global e habilidades de memória, bem como demência.

Ao longo do estudo, outras 279 pessoas, ou 11%, desenvolveram fibrilação atrial, e 399, ou 15%, desenvolveram demência.

Os pesquisadores descobriram que aqueles que tiveram fibrilação atrial tiveram uma taxa mais rápida de declínio em habilidades de pensamento e memória do que aqueles sem a condição e foram 40% mais propensos a desenvolver demência.

Das 2.163 pessoas que não tinham batimentos cardíacos irregulares, 278 pessoas desenvolveram demência, ou 10%. Das 522 pessoas com batimentos cardíacos irregulares, 121 desenvolveram demência, ou 23%.

Os pesquisadores também descobriram que as pessoas que tomaram anticoagulantes para a fibrilação atrial tiveram 60% de redução no risco de demência. Das 342 pessoas que não tomaram anticoagulantes para a condição, 76 pessoas desenvolveram demência, ou 22%. Das 128 pessoas que tomaram anticoagulantes, 14 desenvolveram demência ou 11%. Não houve diminuição do risco entre as pessoas que tomaram um tratamento antiplaquetário como a aspirina.

“Assumindo que houve uma relação de causa e efeito entre o uso de anticoagulantes e o risco reduzido de demência, estimamos que cerca de 54% dos casos de demência teriam sido hipoteticamente evitados se todas as pessoas com fibrilação atrial estivessem tomando anticoagulantes”, disse Qiu. “Esforços adicionais devem ser feitos para aumentar o uso de afinadores do sangue entre os idosos com fibrilação atrial”.

Uma limitação do estudo foi que os pesquisadores não conseguiam distinguir os subtipos de fibrilação atrial, como persistente ou permanente. Também é possível que alguns casos de fibrilação atrial tenham sido perdidos entre pessoas que não apresentaram sintomas.

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