Avanços de técnicas cirúrgicas aumentam chances de cura para o câncer de rim

 

O terceiro câncer urológico com maior prevalência entre os homens tem na cirurgia robótica uma aliada com maior probabilidade de cura, recuperação mais rápida e preservação da qualidade de vida dos pacientes

 

A descoberta do câncer no rim direito, em agosto de 2019, pegou de surpresa o Diretor de Criação Publicitária, Ruy de Oliveira Barreto Júnior, de 46 anos. Sem sintomas sugestivos para a doença e numa idade incomum para o diagnóstico, ele foi surpreendido durante exames de rotina. “Eu não sentia absolutamente nada. Descobri durante um ultrassom de abdômen total, exame que eu não fazia há muitos anos”, conta o publicitário.

 

Além do diagnóstico inesperado, o estágio da doença também o assustou. O tumor estava com 13 centímetros de diâmetro, o que necessitou de uma intervenção cirúrgica em curto prazo. Em dois meses a cirurgia de Ruy foi realizada. “Se eu esperasse sentir algo para ir ao médico muito provavelmente já estaria com o câncer alastrado para outros órgãos. Outra informação importante é que esse tipo de câncer que tive só se descobre fazendo o ultrassom do abdômen total. Não imaginava a importância que esse exame tem.”, lembra aliviado.

 

Entenda a doença

 

Em todo o mundo, cerca de 3% dos cânceres que acometem os adultos têm origem nos rins. Eles são os principais filtros do corpo humano, sendo responsáveis por excretar por meio da urina as toxinas prejudiciais ao organismo, além de eliminar os excessos de água, sódio, potássio e outros íons. Também auxiliam na produção da hemoglobina, proteína que transporta oxigênio pelo corpo.

 

O câncer de rim é o terceiro mais comum dentre os cânceres urológicos. É duas vezes mais comum nos homens do que em mulheres e atinge com mais frequência pessoas de 55 a 75 anos de idade. A doença é muito rara em pessoas com menos de45 anos de idade e está entre os 10 tipos de cânceres mais frequentes, tendo como fatores de risco a obesidade, tabagismo, hipertensão e histórico familiar.  O tipo mais prevalente é o carcinoma de células claras ou renais, que se origina nos rins e pode se espalhar pelo corpo. Esse carcinoma pode se desenvolver como uma massa única dentro de um rim ou em ambos e, em alguns casos, podem ocorrer dois ou mais tumores nos órgãos. Há também o carcinoma papílífero, que é considerado mais grave e corresponde a 15% dos casos. A evolução desse tipo de câncer é variável. Há pacientes em que a doença evolui de forma lenta durante anos. Em outras pessoas, apresentam crescimento rápido e disseminação em poucos meses. Em fase inicial, o tumor ainda é pequeno e fica confinado no próprio órgão. Já em um estágio mais avançado, as células malignas podem migrar para os linfonodos vizinhos e cair na circulação sanguínea. Sendo assim, ganha acesso a todos os órgãos (metástase).

 

Sintomas

Em estágios iniciais, o câncer de rim não costuma apresentar sintomas. Quando surgem, os mais comuns são:

-Sangue na urina: ocorre devido ao rompimento dos vasos sanguíneos da massa do tumor. O sintoma está presente em 40% a 50% dos pacientes.

-Dor persistente na região lombar. Os rins localizam-se na parte mais profunda do abdômen e, conforme o tumor cresce, pode ocorrer uma pressão na coluna.

-Perda repentina de peso

-Cansaço que não passa

-Palidez

-Febre

 

Quando a doença avança, pode surgir aumento do volume abdominal, inchaço nas pernas, falta de ar, tosse e dores ósseas ou fraturas, além de dor de cabeça, tontura, visão dupla e perda da força muscular de um dos lados do corpo.

 

Em geral, o risco de desenvolver câncer de rim em homens é cerca de 1 em 46. O risco para mulheres é de 1 em 82, no entanto, alguns outros fatores também afetam o risco de uma pessoa desenvolver câncer de rim. Segundo especialistas, a taxa de novos casos de câncer de rim tem aumentado nos últimos anos. “Parte desse aumento foi, provavelmente, devido ao acesso a exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ultrassom de abdômen total, que detectam alguns tipos de câncer que antes não eram diagnosticados. Esses tumores acabam sendo identificados em estágio inicial, ou seja, mais precocemente, aumentando as chances de cura”, explica o Uro oncologista, Nilo Jorge Leão.

 

Tratamento

 

A cirurgia é o principal tratamento para a maioria dos carcinomas de células renais. Mesmo pacientes cuja doença se disseminou para outros órgãos poderão se beneficiar do tratamento cirúrgico. Dependendo do estadiamento e da localização do tumor e de outros fatores, a cirurgia pode ser realizada para a retirada do tumor e de uma parte do tecido renal adjacente ou de todo o rim. A glândula suprarrenal e o tecido adiposo ao redor do órgão também podem ser removidos.

 

“O câncer de rim não responde bem ao tratamento de quimio e radioterapia. O tratamento cirúrgico com a remoção do tumor ou, às vezes, do órgão por completo é o que oferece maiores chances de cura para o paciente. A cirurgia robótica representa o maior avanço do ponto de vista cirúrgico que houve nos últimos anos. É uma cirurgia que permite uma retirada precisa do tumor, conseguindo preservar o rim, em casos complexos. Para o cirurgião, o sistema robótico pode proporcionar mais precisão no movimento dos instrumentos do que na cirurgia laparoscópica padrão. Essa técnica é eficaz que resulta em menor tempo de internação, recuperação mais rápida e menos dor após a cirurgia. Com a utilização da plataforma robótica pouco invasiva, muitas vezes o paciente está de volta à sua vida normal poucos dias após o procedimento”, explica Dr. Nilo Jorge, que coordena o Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR) e foi o responsável pela primeira cirurgia robótica pediátrica da Bahia, a retirada de um tumor de seis centímetros numa criança de apenas quatro anos.

 

Benefícios comprovados que trouxeram cura e tranquilidade a Ruy Barreto Júnior. “Dr. Nilo Jorge me explicou sobre a cirurgia robótica e então fui pesquisar a respeito, percebendo que era, sem dúvida, a melhor opção. Eu retirei todo o rim direito, por conta do tamanho do câncer e o fato de ser maligno. Porém, era um câncer muito localizado. Não precisei fazer nem quimio nem radioterapia. O pós-operatório foi muito tranquilo. Muita pouca dor e recuperação mais rápida do que eu esperava. Hoje estou ótimo! Estou me sentindo fisicamente melhor do que antes da cirurgia”, comemora.

 

Entrevista sugerida: Nilo Jorge Leão – Coordenador do

Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), Coordenador do Núcleo de Uro-Oncologia da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia e preceptor da residência médica do Hospital Santo Antônio – Obras Sociais Irmã Dulce, Urologista titular e chefe de equipe de referência dos Hospitais São Rafael e Hospital Aliança. Urologista do corpo clínico do Hospital Santa Izabel, Cardiopulmonar e Hospital Português. Urologista do corpo clínico e proctor em cirurgia robótica dos Hospitais Samaritano, Paulistano, São Luiz Itaim e Sírio Libanês (SP).

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