Adriana Araújo não bate peso e fica fora da briga por cinturão na volta a palco de bronze olímpico

Foto: Mário Palhares

Oito anos atrás, Adriana Araújo se tornou a primeira mulher do Brasil a conquistar uma medalha olímpica no boxe feminino. Hoje com um cartel invicto em seis lutas como profissional, a pugilista baiana volta a Londres neste domingo para enfrentar a inglesa Chantelle Cameron. Adriana teria a chance de disputar o cinturão do Conselho Mundial de Boxe (WBC, na sigla em inglês) na categoria super-leve. Neste sábado, porém, não conseguiu bater o peso na pesagem. Com 65,770 kg, ficou acima dos 63,502 kg, limite da categoria. A luta está mantida, mas a única com chance de levar o cinturão é Chantelle.

Adriana teria a chance de novamente provar seu potencial num palco internacional. A brasileira estava empolgada também por outra perspectiva: a esperança de que o título desse o retorno financeiro que a medalha nos Jogos não deu. A preparação para a luta foi na base da garra e do favor. Sem patrocínios, a brasileira treinou de forma improvisada em um galpão de um amigo.

O cinturão do super-leve (até 63,5kg) ficou vago após a americana Jessica McCaskill, então campeã da categoria, derrotar a norueguesa Cecilia Braekhus, que era campeã unificada IBF-WBO-WBC-WBA dos meio-médios. McCaskill preferiu então migrar para a divisão de cima. Adriana e a britânica Chantelle Cameron, 3ª e 5ª do ranking do peso, respectivamente, já tinham conquistado o cinturão prata do super-leve e despontavam como candidatas naturais ao título linear.

Por conta da melhor estrutura, a iniciativa da luta partiu da WBO em arranjo com os promotores de Cameron. O convite para Adriana foi feito quase no susto, no início de setembro, para que a luta fosse no dia 26 do mesmo mês. A equipe da brasileira aceitou o desafio, desde que o combate fosse minimamente adiado. Ganhou uma semana, e a luta foi marcada para 4 de outubro. Ela testou negativo no primeiro teste de Covid-19 a que foi submetida, ainda no Brasil, e ainda faria outros dois até a luta.

– Eu imaginava que entraria na disputa, mas não que seria tão rapidamente. Na defesa (do cinturão prata, em fevereiro) a gente sabia que estava na cara do gol para disputar o título mundial. Foi um baque de emoções. A felicidade de disputar o título e a preocupação de organizar tudo, colocar a equipe à disposição para tudo dar certo. Como é uma festa para a inglesa, eu já sabia que iam chamar em cima da hora. Mesmo com a pandemia não me mantive parada, sempre com o corpo a 60% ou 70% da situação de luta – disse a brasileira, antes da pesagem.

Treinos de Adriana foram em espaço improvisado cedido por um amigo — Foto: Arquivo pessoal

Treinos de Adriana foram em espaço improvisado cedido por um amigo — Foto: Arquivo pessoal

A adversária, Chantelle Cameron, também foi atleta do boxe olímpico e migrou para o profissional em 2017. Tem 29 anos, nove a menos do que a brasileira, e um cartel invicto de 12 lutas, o dobro da baiana, sendo sete por nocaute. Os números não assustam Adriana.

– Se você for ver com quem ela lutou nessas lutas, não foi com nenhuma atleta de peso. Tem luta que pode ter sido organizada pelo próprio promotor dela para ranquear, para ela ficar rodada.

– Mas ela não tem a larga experiência que o boxe olímpico me deu. No boxe olímpico você não escolhe adversário, luta sempre contra as melhores do mundo. Por isso o histórico dela não faz diferença para mim. Agora ela vai pegar uma atleta de peso e vamos ver se ela está preparada para isso. *GE

 

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