A diferença de incentivo aos esportes em Valença




Problema é observado em todo o Brasil e está ligado ao aspecto cultural

Por Joberth Melo | Nas Malhas da Lei

O Brasil conta com uma diversidade de esportes, envolvidos nos mais variados espaços. O futebol está presente na cultura popular. Mas há o ciclismo, a natação e outras modalidades que tentam conquistar o seu espaço. Apesar disso, a maioria reclama da falta de apoio. Em Valença, no Baixo Sul, representantes e grupos de vários esportes enfrentam os mesmos desafios.

O apoio financeiro é um dos problemas encontrados. Kaio Felippe é representante da cidade no ciclismo. Ele recebe apoio do programa FazAtleta, de algumas empresas, e recentemente da Secretaria de Esportes de Valença, porém o atleta lembra que a sua modalidade tem um custo alto. “Só uma bicicleta de competição gira em torno de R$ 30 mil”, afirma.

Alessandra Spinola é a fundadora do grupo Alê Natação e também enfrenta o mesmo desafio. O grupo conta com 15 atletas. Na cidade, as competições internas recebem o apoio dos próprios pais.

Os atletas também participam de etapas do Fest Natação, promovido pela União das Escolas de Natação de Itabuna (UENI). Recentemente, o órgão público disponibilizou o transporte, que é considerado pela professora a maior despesa. As inscrições e outros custos durante a competição são pagas pelos pais, alguns vereadores e pela Conect Telecom.

Disparidade de apoio entre os esportes

O ciclista acredita que a diferença nos níveis de apoio tem relação com o aspecto cultural. “É o principal fator. Vemos isso na França, um país onde o ciclismo é um esporte popular e tem uma devida atenção em prol da própria preferência nacional”.

Conforme o atleta, que já conquistou vários pódios pela categoria Sub 30 em campeonatos de ciclismo na Bahia, a visão de quem apoia é ter o seu nome representado e a melhor forma são os esportes mais populares.

Em Valença, é observada essa disparidade na quantidade de patrocinadores entre os esportes. Há uma procura para apoiar o futebol. A cidade tem um campeonato próprio. O Ypiranga é um dos times mais antigos do município e integra a competição. A cada partida, o time tem um custo de R$ 10 mil. Segundo o presidente do clube, Jorge Galdino, o grupo participa de todos os jogos propostos.

Jorge Galdino concorda que há uma diferença nos apoios aos esportes na cidade. “A prefeitura ajuda [outros esportes], mas não como deveria”, opina.

Apesar do esporte popular no Brasil ser o futebol, a instrutora de natação disse que não deveria ter diferença nos apoios. “Direitos iguais, porque Valença tem representantes em todas as modalidades praticamente. Nós temos valencianos em Maratonas Aquáticas, Triathlon, Judô, Natação, Ciclismo, entre outros”, cita.

Treinamento

O grupo Alê Natação, o ciclista e o Ypiranga encontram algumas dificuldades para se preparar para as competições. Na natação, as etapas do Fest Natação conta com provas de 25 metros e 50 metros. Os atletas entre nove e 16 anos se preparam na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), onde a piscina é menor.

A cidade tem uma piscina no Serviço Social da Indústria (Sesi) com as mesmas medidas das etapas da competição, porém tem que pagar uma taxa para a sua utilização.

Com Kaio Felippe, o treinamento envolve um certo risco. Como na maioria das cidades, Valença não conta com ciclovias. “Ficamos em meio aos motoristas. Muitos deles não respeitam o limite de distância”, lembra.

No Ypiranga, a dificuldade é o treinamento em conjunto. O time é composto não só por atletas da cidade de Valença. Eles têm outras funções durante a semana, e geralmente chegam no dia anterior ao jogo. Segundo o presidente do time, os jogadores se preparam por meio de jogos entre amigos ou nos bairros em que moram.

Motivação

Para se ter motivação é necessário apoio. No início da carreira, Kaio Felippe pensou muitas vezes em desistir. “Não era levado com a devida atenção. Vários colegas passam por isso atualmente, e é muito desmotivante para um atleta não poder participar de competições”, afirma.

O apoio da comunidade também é fundamental. Em Valença, frequentemente as partidas de futebol no Estádio Municipal Antônio Sereia estão cheias. Para entrar é necessário pagar uma taxa. Outros esportes já fizeram competições com entrada gratuita e não receberam o mesmo apoio.

As outras modalidades precisam ser conhecidas para que esse problema do apoio diminua. Uma das ações é a inclusão nas grades curriculares pedagógicas. Segundo Kaio Felippe, isso levaria a no futuro às empresas e comunidade começarem a apoiar esses esportes.

Apesar das dificuldades enfrentadas, eles motivam outros atletas a não desistirem. Um dos métodos de incentivo do ciclista é “continuar competindo e permanecer tentando”.

A professora Alessandra Spinola também segue o mesmo princípio. “A natação tem atletas, penso neles e sei do potencial que eles têm”. Conforme a instrutora, sabendo dessa capacidade, treinos são feitos para um melhor desempenho a cada etapa de uma competição.

Nas Malhas da Lei

Fotos: Divulgação

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